Todos nós conhecemos aquela pessoa sensível, que chora por tudo, que ri até do vento, que faz drama mas também odeia pessoas dramáticas demais. Eu sou essa pessoa. A intensidade é o sentimento mais predominante na minha vida, tudo é sempre 8 ou 80. Aposto que você já leu vários textos sobre pessoas intensas, e já deve ter conhecido algumas também. Normalmente essas pessoas são retratadas com a mesma intensidade que vivem: ou é muito bom, ou muito ruim. E eu vivo entre o limbo dessa ambiguidade.
Tudo o que eu amo, eu amo muito. As pessoas que eu conheço, os momentos que eu vivo, aquela música que eu ouço todo santo dia, aquela série que eu já reassisti um milhão de vezes (e pode ter certeza que eu vou continuar). Ter a capacidade de sentir tudo tão profundamente é algo transformador, afinal, o que seria da vida se não tivéssemos coragem de mostrar as pessoas o nosso olhar sobre o mundo? se não nos permitíssemos absorver cada detalhe que a existência nos oferece? Porque é justamente essa intensidade que nos conecta ao que é real.
Mas as vezes, o meu sentimento é tão forte e intenso que não cabe no peito, e eu sinto que vou transbordar.
E aí eu transbordo.
É libertador quando eu, finalmente, só por um segundo, não sinto nada. É como aqueles segundos antes de começar a chuva. Você sabe que não vai durar pra sempre, nunca dura. Mas você aproveita o máximo que puder antes de acabar. E quando a chuva começa, é daquelas que causam estrago.
Ser uma pessoa intensa me ensinou que eu tenho que me moldar, muitas vezes fingir que eu não sinto o que eu sinto ou aprender a me controlar. Afinal, ninguém quer ser taxado de ‘dramática’, ‘emocionada’ ou ‘sensível’ quando, na verdade, você nem tem domínio sobre tudo isso.
Sendo uma adolescente, é perigoso ser intensa. Você não pode deixar transparecer que se importa demais, mas também não pode se importar de menos. Não chore por causa dele, mas não aja como ele. Não ligue para o que falam de você, mas também se importe com a sua reputação!
Ser intenso é viver em um eterno conflito entre o medo de sentir muito e a decepção de sentir pouco.
Na verdade eu nem ligo (é mentira, eu ligo muito)
Ser intenso é sentir que tudo é vivido no volume máximo, o que é lindo, mas também exaustivo. Essa é a dualidade de ser intenso: é incrível sentir tudo tão profundamente, mas ao mesmo tempo ter que "se moldar" pra não assustar os outros ou ser taxada de exagerada. A parte de viver no limbo entre o "medo de sentir muito" e a "decepção de sentir pouco" é muito verdadeira. É como se fosse um eterno equilíbrio que nunca acontece de verdade. E ser adolescente e ter que fingir que não liga, enquanto por dentro você se importa com absolutamente tudo é terrível. É como viver em um constante jogo de esconder o que realmente sente, sem saber exatamente quem você é nessa bagunça toda, o que resume perfeitamente a confusão que é existir nessa fase da vida. No fim, acho que essa intensidade, mesmo sendo pesada às vezes, é o que torna tudo mais especial (principalmente na adolescência). Melhor sentir demais do que passar pela vida sem realmente vivê-la...